quarta-feira, 31 de julho de 2013

PAPO DELIRANTE SOBRE OS NOGUEIRAS

PAPO DELIRANTE SOBRE OS NOGUEIRAS


Este suposto diálogo se passa entre um pai com sobrenome Nogueira e seu filho com paciência infinita para ouvir um discurso eivado de erudição. Remonta os Nogueiras à criação de Portugal, e a figuras históricas que se vão alinhavando num "samba de criolo doido". Ia jogar fora o texto... acho que poucos aguentarão lê-lo até o fim... mas pesquisei tanto para construí-lo! Temos origem portuguesa e não resisti à revisão da história medieval. E o português utilizado muitas vezes é o português castiço d'além-mar. Às vezes, nem dicionário ajuda...


                                           I

                 OS NOGUEIRAS NA IDADE MÉDIA



- Pai, é verdade que o sobrenome Nogueira, por designar uma árvore, tem sua origem entre os cristãos-novos?



- Não, meu filho, esta é uma falsa crença. A partir de 1497, os judeus portugueses foram forçados a se converter ao Catolicismo para fugir às fogueiras da Inquisição. Na pia batismal, adotaram nomes cristãos, muitos relacionados com nome de árvore, como Oliveira, Pereira, Silveira, mas muitos destes sobrenomes já existiam anteriormente. O sobrenome Nogueira, por exemplo, já existia há quase quatrocentos anos. E muitos cristãos-novos também adotaram sobrenomes não relacionados com plantas.



- Mas nós somos descendentes de judeus?



- Ora, nenhum descendente de português hoje, independentemente do sobrenome, deixa de ter algum sangue judeu... Eles eram dez por cento da população portuguesa nos fins do século XV...



- O senhor já me explicou que a palavra Nogueira vem do latim, "nucaria", e apareceu na forma atual já em 1086, no latim vulgar da época, como podemos ver na famosa "Portugaliae Monumenta Historica". Mas qual o mais antigo Nogueira que podemos identificar?



- Os Nogueiras figuram nos livros genealógicos portugueses desde 1070, intimamente ligados a famílias espanholas. Tudo leva a crer que os primeiros Nogueiras procediam dos bárbaros visigodos que invadiram a Península Ibérica no século VI. Comandados por Ataulfo, absorveram os suevos que os tinham precedido, e erigiram o mais forte e duradouro reino bárbaro de que se tem memória, na região aquém pirenaica, escolhendo para capital Toledo. Embora vencedores, não tiveram dúvida em assumir a civilização romana e, com ela, o próprio latim, já sensivelmente alterado.



- Continua...



- Porém no século VIII surgiram os árabes. Comandados por Tárique e Musa, atravessaram as colunas de Hércules e precipitaram-se sobre o solo peninsular. Em 711, às margens do rio Crissus, o último rei godo, Rodrigo, foi vencido.



- Este árabes eram muçulmanos?



- Sim, filho. Nossos antepassados godos, já convertidos ao cristianismo, chefiados pelo nobre Pelágio, não querendo se submeter aos infiéis, refugiaram-se nas montanhas das Astúrias, que então se tornaram o baluarte da reconquista.



- Quer dizer que eles conseguiram expulsar os árabes da Península?



- Sim, mas isto levou oito séculos. Durante o domínio muçulmano, os cristãos organizavam cruzadas com o fim de libertarem o território ibérico. Para maior estímulo, os papas concediam-lhes as mesmas indulgências que aos que iam combater no Oriente pela conquista dos Santos Lugares.



- Que romântico! Mas me diz: estaria algum Nogueira nestas cruzadas?



- Indubitavelmente! Eles eram fidalgos estreitamente ligados à luta contra os mouros.



- Mas o que sabemos nós deles? 



- O nome mais antigo que nos chega é o de Dom Paio. Ele deve ter nascido ali por 1065, sendo um daqueles senhores que na ribeira do rio Minho mantinham castelo e terra murada quando os barões franceses desceram com pendão e caldeira, na hoste do borguinhão.



- Que borguinhão?



- O Conde Dom Henrique de Borgonha! No reinado de Afonso VI, rei de Castela e Leão, lutou contra os mouros, e recebeu como recompensa a mão de Dona Tareja e o Condado Portucalense, ao sul da Galiza. Ali estava o solar de Dom Paio, antepassado dos Nogueiras, que se tornou seu fiel aliado.



- Mas então Dom Paio era um homem importante?



- Sim, era um fidalgo de alta linhagem e de grandes haveres, tendo poder e senhoria sobre inúmeros vassalos. A Torre de Nogueira, quadrada e negra, com fundas frestas gradeadas de ferro, ameias e miradoura bem cortadas, ficava na Terra de Barroso, freguesia de São João Nogueira, hoje uma pequena freguesia de Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo. Seu orago é Santiago, e está situada na margem esquerda do Rio Minho.



- E já se falava português nesta época? 



- Nesta época a língua portuguesa ainda estava em gestação. Falava-se o galaico-português, cujo primeiro documento é a "Canção da Ribeirinha", uma canção de amigo, que fazia suspirar dona Sancha, mulher de Dom Paio. Não é descalabro imaginar que nas noites insones nosso "arrière-arrière-arriére... grand-père", nas brumas da Idade Média, caminhava para cá e para lá nos corredores soturnos da Torre dos Nogueiras, preocupado com a luta contra os mouros. Ao longe se ouviria o som plangente da guitarra de Paio Soares de Taveirós...



- E Dom Paio teve filhos?



- Provavelmente muitos, mas temos memória apenas de dois. O primogênito, Dom Mendo Pais, influenciado pelas cruzadas e pelo forte sentimento religioso que permeava a sociedade da época, devorado por um espírito bélico-cristão, veio a pertencer à Ordem dos Templários, fundada por Hugo de Payem, em Jerusalém, em 1118.



- Que tempos!



- Pois é... O outro filho, Dom Paio Pais, como os jovens do seu tempo, cavalgaria um impetuoso onagro, e seguido por mastins daria caça ao porco montês nos montes agrestes do Minho...



- Mas quem foi este Dom Paio Pais?



- Foi fidalgo de alta linhagem, e homem de confiança de D. Afonso Henriques, o Conquistador, que viveu entre 1111 e 1135.



- Dom Afonso Henriques?



- Sim, o filho de Dom Henrique de Borgonha. Você deve ter estudado suas proezas nas aulas de história... O pobre garoto ficou órfão de pai com apenas um ano (em 1112) e cresceu no meio das intrigas palacianas e da disputa pelo poder vago. Com apenas quatorze anos tomou o poder à mãe, e assumiu o governo do Condado Portucalense. Em 1128 libertou Portugal do jugo de Castela e Leão, certamente com o apoio daqueles primeiros Nogueiras.



- O senhor tem certeza?



- Absoluta! Veja bem. Dom Paio Pais casou-se com Dona Mêndola e então nasceu o famoso Mendo Pais Nogueira, senhor da Torre de Nogueira (daí o nome da família) e primeiro senhor da Bobadela, por mercê do rei Dom Sancho I. Quando morre Dom Sancho I, a sucessão é tumultuada e confusa. Mendo Pais Nogueira se mantém firmemente ao lado de D. Afonso II, o Gordo (1185/1223). Eça de Queirós, no seu magistral romance "A Ilustre Casa de Ramires", descreve este antepassado dos Nogueiras: "membrudo cavaleiro, com os cabelos ruivos, a alvíssima pele da raça germânica dos visigodos". Mendo Pais matrimoniou-se com Dona Berengueira e teve Dom Paio Mendes e João Pais Nogueira.



- Nossa, pai, eu não sabia que os Nogueiras já existiam na Idade Média!



-Pois é, naquelas priscas eras já havia Nogueiras a granel. Em 1250, num testamento do Mosteiro de Almoster, monjas de São Bernardo, assina um cavaleiro por nome Martin Martines de Nogueira.



- Chega, pai... Mas me diz: os Nogueiras tinham um brasão de armas?



- Sim, dependendo a época este brasão tinha pequenas variações. As armas mais conhecidas dos Nogueiras eram: de ouro, banda xadrezada de verde e de prata de cinco ordens, a do meio coberta por uma cotica de vermelho. Timbre: dois ramos de nogueira passados em aspa, com seus ouriços, tudo de sua cor, ou cabeça e pescoço de serpe de ouro, xadrezada de verde, tendo na boca um ramo de nogueira com seus ouriços, de sua cor.



                                               II



                          OS NOGUEIRA NO BRASIL


- Como foi que os Nogueiras chegaram ao Brasil?

- Vieram já com os primeiros colonizadores, havendo alguns ligados a descendentes de João Ramalho e Antônio Rodrigues, os primeiros patriarcas. Sabemos, por exemplo, que Bartholomeu Gonçalves, filho de Braz Gonçalves e de um filho do cacique de Varapoeiras, faleceu em 1626, vinte e três anos após a morte de seu pai e foi casado três vezes, sendo sua segunda esposa D. Bárbara Nogueira. Um tal de Jeremias Nogueira fez parte da primeira leva de paulistas que, em 1639 foram combater os holandeses em Pernambuco. Eram apenas 22 infantes brancos,dente os quais Jeremias, e 54 índios.

- Combater holandeses?

- Acorda, garoto. Você não se lembra da invasão holandesa no Nordeste, do famoso Maurício de Nassau?

- Tô lembrando...

- E ainda se sabe que Francisco Rodrigues Ramalho, bisneto de João Ramalho, faleceu em 1672 e foi casado com D. Anna Maria Nogueira, filha de Diogo Dias Macedo e D. Paula Nogueira.

- Uai... esta daí levou o sobrenome da mãe?

- Naqueles tempos não haviam regras fixas para os nomes... Filhos dos mesmos pais, muitas vezes tinham sobrenomes diferentes, escolhidos entre os avós, até entre os padrinhos... Mas prossigamos. Você sabia que a neta de Francisco Ramalho, Isabel, casou-se com um tal de Antônio Nogueira? O capitão-mor Pedro Frazão de Brito, regente das minas do Carmo e falecido em 1722 era filho de Manuel Brito Nogueira e Anna de Proença.

- Quanta gente!

- Pois é. Posso citar ainda um certo João Nogueira de Pazes, filho e neto de moradores de São Paulo, que requereu, em março de 1639, sesmaria "de mattos daninhos", nas cabeceiras de Simão, João e Álvaro da Costa e de Geraldo Correa.

- Chega, pai!

- Mais um: Agostinho Nogueira da Costa, homem respeitável e já idoso, era vereador e São Paulo, no ano de 1744.

- Mas estes Nogueiras não são parentes entre si...

- Provavelmente não. Existem várias raízes para os Nogueiras do Brasil. Antes de entrarmos especificamente em nossa árvore, não custa lembrar, por exemplo, João Nogueira, que deixou geração de seu casamento, em 1614, com Bárbara de Arão, no Rio de Janeiro. Rheingantz, genealogista daqueles tempos, ainda registra mais de 28 famílias com este nome nos séculos XVI e XVII, que deixara numerosa descendência no Rio de Janeiro. Em São Paulo, existiu a família de Gaspar Nogueira, tabelião e escrivão da Câmara de Santo André desde a fundação da vila.

- E...

- Em Minas Gerais, de origem portuguesa, registra-se a família de Manuel Nogueira Galvão, natural do Porto que se estabeleceu por volta de 1750, em Queluz, onde deixou geração, hoje espalhada por Conselheiro Lafayette, Belo Horizonte e Sete Lagoas...

- Estou ouvindo...

- No Piauí, de origem portuguesa, entre outras, registra-se a família de Nicolau José Nogueira, fazendeiro estabelecido em Valença, que deixou descendência de seu casamento com Antônia Vieira de Carvalho, filha do bandeirante paulista, José Vieira de Carvalho.

- Hum...

- No Rio Grande do Sul, há o registro de um índio, Francisco Nogueira, casado em 1791, em Estreitos, com Joaquina Maria, também índia. Como adotaram o sobrenome Nogueira, não sei...

- Nesta altura o senhor vai me dizer que existem negros com o sobrenome Nogueira...

- Pois há. Em Minas Gerais registra-se Margarida de Jesus (1842-1922), natural da África, que serviu por longos anos ao padre Joaquim Ferreira Teles, na paróquia de São Sebastião do Paraíso. Deixou numerosa descendência que assinava: Marinho, Nogueira e Souza. Por determinação testamentária do referido padre, foi declarada liberta.

- Bom, pai, chego à conclusão que sobrenome não tem dono...

- Não tem. Encontramos em Minas Gerais, por exemplo, Lourenço Luiz Nogueira, natural de Campanha, "filho natural de Josefa Maria (que) foi casado em 1824, Itajubá, MG com Francisca Gomes de Jesus". Portanto, meu filho, este é um sobrenome democrático. Serviu a nobres, a plebeus, índios, negros, bastardos... 

                                        III

                 NOGUEIRAS E A INQUISIÇÃO


- Poxa, pai, e eu pensava que Nogueira era sinônimo de sangue azul...

-Temos vilões entre nós também... E até mártires... Você sabia que inúmeros Nogueiras foram vítimas da Inquisição, por exemplo?

- Me conta...

- No Auto-de-fé celebrado na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a 18 de junho de 1636, foi condenado por sodomia a degredo para o Brasil, Antônio Nogueira, de vinte anos de idade, solteiro, estudante, filho de Domingos Fernandes, trabalhador da vila de Arcos de Valdevez, arcebispado de Braga.

- O que era um Auto-de-fé?

- O Auto-de-fé era uma procissão organizada pela Inquisição, para celebrar a reintegração dos hereges e pecadores à Igreja e a excomunhão dos que tinham cometido infrações maiores. Anunciavam-se os castigos espirituais e pecuniários dos penitenciados e a eliminação dos incorrigíveis. D. João III, o Piedoso (veja a ironia!), criador da Inquisição em Portugal, estabeleceu as normas do desfile. Eram lidas em auto particular as sentenças de absolvição, e em auto público, as condenatórias, seguidas de imediata execução dos castigos corporais que iam do açoite à morte, pelo garrote e pelo fogo. Após a sentença lavrada, se o réu fora condenado à morte, três dias antes do auto público de fé o veredicto era-lhe notificado, a fim de cuidar de sua alma, devendo ser-lhe de novo notificado na véspera do auto, para o caso de não ter ligado inteiro crédito ao primeiro aviso. No dia do auto público, saía da casa da Inquisição o macabro cortejo a caminho da praça onde fora armado um cadafalso. Abria o cortejo o guião do tribunal com as imagens de São Pedro Mártir numa das faces, e na outra as palavras: Misericórdia e Justiça.

- Credo, pai, a Igreja Católica fazia isso?

- Inacreditável, não é? Muitos Nogueira padeceram sob sua autoridade. No Auto-de-fé de 25 de junho de 1641 foi condenada a quatro anos de degredo para o Brasil, Maria Nogueira, cristã-velha, natural de Vila do Conde e moradora em Lisboa, por presunção de pacto com o diabo.

- Nossa, se houvesse Inquisição hoje, o senhor iria arder numa fogueira com o seu tarô, sua quiromancia, não é? E com esta história de maçonaria...

- Sem dúvida são crimes que me levariam à fogueira... Mas a Inquisição ainda existe hoje... O papa Bento XVI, antes do papado, comandava o Tribunal da Santa Sé... Mas, Graças a Deus, a Igreja não tem mais este poder...

- Mais Nogueiras sofreram com a Inquisição?

- Sim. No Auto-de-fé de 17 de agosto de 1664, Beatriz Nogueira, cristã-nova, natural de Linhares e moradora na Guarda, filha de Diogo Rodrigues Nogueira, foi condenada a três anos de degredo no Brasil. Vicente Nogueira também foi acusado de sodomia pelo tribunal da Inquisição, mas não reuniram suficientes provas contra ele. Mas a história mais comovente ocorre num Auto-de-fé na Espanha, creio que em 1680, feito para celebrar o casamento do jovem rei espanhol Carlos II e a princesa francesa Maria Luisa de Orleans, sobrinha de Luís XIV. Entre as 86 vítimas escolhidas para a festa de gala, estava uma adolescente "marrana" (apelido injurioso dado aos judeus) de dezessete anos, Francisca Nogueyra. Antes da execução, ela implorou: "Tenha piedade, princesa! Como posso renunciar à fé que absorvi com o leite de minha mãe?" A princesa permaneceu silenciosa. Não houve perdão. A sentença foi lida e Carlos II, pessoalmente, acendeu a fogueira.

                                           IV

             THOMÉ RODRIGUES NOGUEIRA DO Ó


- Bom, depois de tanto discurso, seja breve e diga de qual Nogueira descendemos, afinal...

- Tudo leva a crer que somos descendentes do capitão Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, cuja origem mais remota seria o fidalgo espanhol D. Fernando Rodrigues Nogueira, do reino de Aragão, que emigrou para Portugal fugindo à invasão moura.

- Quer dizer que este Nogueira tinha origem espanhola?

- Pois é, as fontes que consultei dão diferentes versões... Como já lhe disse, os Nogueiras figuram nos livros genealógicos portugueses desde 1070, intimamente ligados a famílias espanholas. Há até uma história, talvez apócrifa, que conta que um tal de Montmorency abandonou a França por ser um huguenote perseguido por suas convicções religiosas. Foi residir na Ilha da Madeira, mas lá o preconceito religioso era mais intenso que na França. Acabou casando-se com uma Nogueira, talvez para evitar mais problemas...

- Cada história...

- Quem contava esta história era o próprio capitão-mor Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, que dizia descender deste tal Montmorency.

- E o que significa este Ó depois do sobrenome dele?

- Este Ó simbolizava a expectativa dos pais nascimento deste filho. Certamente eram devotos de Nossa Senhora da Expectação do Parto, assim chamada pelas antífonas da Magnificat, que começam por Ó, entoadas durante os sete dias que precedem o Natal. Se você é católico fervoroso, deve se lembrar: "Ó Sapientia... Ó Adonai... Ó Radix Jesse... Ó Clavis David... Ó Oriens... Ó Rex Gentium... Ó Emanuel..." Este latinório manifesta o desejo com que os profetas aguardavam o Messias. Por este motivo, Nossa Senhora da Expectação também é chamada Nossa Senhora do Ó.

- Vou fazer de conta que entendi. E este Capitão Thomé que é nosso suposto antepassado, veio de onde?

- Ele era natural da Ilha da Madeira, nascido em 1674, filho do nobre fidalgo português Antônio Nogueira e de D. Francisca Fernandes do Vale. Casaram-se em Funchal, na Sé, a 30 de janeiro de 1673. Os seus avós paternos, Manoel Lopes Nogueira, nascido por volta de 1635, e D. Sebastiana Osório Nogueira, eram naturais de Gouveia, Braga, na encosta ocidental da serra da Estrela , em Portugal. O apelido Rodrigues vem de sua mãe, Francisca Fernandes do Vale, filha de Manuel Rodrigues, casado com Maria Fernandes em 28 de janeiro de 1648, naturais da Freguesia de São Roque. Seu bisavô, Antônio Rodrigues, casado com Maria Barbosa Fernandes, era filho de Pedro Rodrigues, casado com Margarida Gonçalves, também naturais da Ilha da Madeira, seus trisavós.

- E quando foi que Thomé Rodrigues Nogueira do Ó chegou ao Brasil?

- Ele chegou ao Brasil em 1708. Desembarcou em São Vicente, passou pelo vale do Paraíba e estabeleceu-se inicialmente em São Paulo. Atraído pelas notícias das descobertas de ouro em Minas Gerais, partiu com as Bandeiras em busca de riquezas... Em Minas, às margens do Rio Baependi, construiu uma grande casa, onde nasceram seus nove filhos (sem contar os inúmeros ilegítimos, fora do casamento.). Parte do velho casarão que ele construiu em Baependi, resiste ainda à ação do tempo, apesar das lamentáveis modificações que sofreu.

- E quem era a mulher dele?

- Ele era casado com a paulista Maria Leme do Prado, tetraneta de Martim Lemos, de ilustre família flamenga, do condado de Flandres, que emigrou para Portugal e depois para a Ilha da Madeira.

- Não brinca!

- Digo mais. O capitão Antônio Bicudo Leme, fundador de Pindamonhangaba, era tio-avô de Maria Leme do Prado.

- E os pais de Maria Leme do Prado?

- Ela era filha de Antônio da Rocha Leme de Antônia do Prado; neta de Maria Leme Bicudo e Cornélio Rocha; bisneta de Francisco Bicudo de Brito e Thomazia Ribeiro de Alvarenga.

- Mas por que o senhor acha que somos descendentes de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó e de Maria Leme do Prado?

- Esta é uma hipótese plausível, mas que ainda não consegui comprovar. Veja bem, o meu bisavô Francisco Antônio da Silva Nogueira nasceu ali por ...... em Minas Gerais, provavelmente em Lambary, não distante de Baependi, onde viveu Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, e conhecida como "berço dos Nogueiras". Em 1758 o encontramos em São João del Rei fazendo parte da Irmandade do Santíssimo Sacramento, e Procurador da Câmara Municipal. Se meu bisavô nasceu na região destes Nogueiras ali por 1830, e estes descendentes de Thomé Rodrigues eram numerosos, é muito provável que descendam da mesma árvore... Meu bisavô poderia ser um bisneto de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó... Mas provar isto implica mais pesquisas...

- E de onde o senhor tirou tudo isto?

- De livros. Mello Nogueira escreveu "Rabiscos Genealógicos", publicado em 1939 pela Revista dos Tribunais. José Jorge Nogueira Jr fornece mais informações em "Nogueira do Brasil", 1962. Também consultei a "Genealogia Paulistana" do Dr. Luiz Gonzaga Silva Leme, obra monumental sobre as famílias de São Paulo. Além do "Dicionário das Famílias Brasileiras" de Carlos Eduardo de Almeida Barata e Antônio Henrique da Cunha Bueno. E inúmeras enciclopédias publicadas em Portugal, que consultei na Biblioteca Municipal de São Paulo.

- Que sono, pai!








Um comentário:

  1. Muito bom! Sou descendente direta de Tomé Rodrigues nogueira do Ó e Maria Leme do Prado.

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